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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Remédio testado no RS é novidade no combate ao câncer de mama

Tratamento com enzima foi elaborado por hospitais de todos os continentes.
Agência Europeia de Medicamentos já aprovou o uso do novo remédio.

Um novo medicamento para o combate ao câncer de mama testado no Hospital Conceição, em Porto Alegre, teve eficácia comprovada e foi aprovado para o uso na Europa. Segundo os resultados obtidos durante a pesquisa, a droga aumenta em 50% a sobrevida das pacientes.
O tratamento, elaborado a partir de pesquisa feita por hospitais de todos os continentes – entre eles a instituição pública gaúcha – funciona como uma vacina. As pacientes com câncer de mama recebem um anticorpo chamado pertuzumabe, que ataca as células cancerosas, impedindo a multiplicação.



De acordo com o coordenador do Serviço de Mastologia do Hospital Conceição, José Pedrini, o remédio é indicado para os casos mais graves, em que a doença já se espalhou pelo corpo. “Não se trata de uma cura, mas da possibilidade de controle do câncer. Ele teve bons resultados, aumentando em 50% o tempo em que as pacientes ficam livres da doença”.
A pesquisa recebeu um nome de mulher: Cleopatra. Desde 2008, quando o Conceição começou a participar dela, 17 pacientes receberam a medicação e os efeitos colaterais foram mínimos. “Meus olhos lacrimejam um pouco e tenho coriza, mas isso não é nada perto de uma quimioterapia. É fantástico, sem desconforto mesmo”, diz a dona de casa Maria Celina Machado, de 59 anos, há oito diagnosticada com a doença.




Os resultados foram publicados em janeiro na New England Journal of Medicine, uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo, e validados na última sexta-feira (18) por uma equipe da Agência Europeia de Medicamentos (EMEA, na sigla em inglês), que regula o uso de novos remédios no continente. Os agentes inspecionaram o estudo e aprovaram o Serviço de Mastologia do Hospital Conceição para mais testes de medicamentos.

A nova droga deve ser comercializado na Europa a partir de junho, mas no Brasil ainda depende de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os pesquisadores esperam que isso possa acontecer em 2013. “Os resultados do estudo são confiáveis, e a vacina traz benefícios para 25% das pacientes. São mulheres com um tipo de câncer de mama muito agressivo” diz Pedrini. “Além disso, sua aplicação pode ser indicada por períodos longos, de até 10 anos”, ele acrescenta.

O médico mastologista acredita que a vacina venha a mudar o próprio protocolo do tratamento de combate ao câncer, sendo usado antes mesmo da quimioterapia habitual. Para Maria Celina, o medicamento renovou o otimismo e as forças para enfrentar a doença. “Mudou a minha vida. Hoje faço tudo sozinha, não preciso de uma bengala me acompanhando, como era depois das aplicações da quimio. Minha esperança aumentou muito”, conclui.

Publicado em Globo.com em 23/05/2012