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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fila para cirurgias de reconstrução preocupa pacientes


Estimativa é de que pelo menos 20 mil mulheres a serem diagnosticadas com câncer em 2012 precisarão de operação



Ao mesmo tempo em que o Ministério da Saúde afirma que o SUS vai trocar as próteses de silicone das marcas PIP e Rofil das mulheres que apresentarem ruptura, centenas de outras mulheres em tratamento contra o câncer de mama estão na fila para fazer a reconstrução das mamas.

Isso tem preocupado entidades como a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e o Instituto Oncoguia, que lidam diretamente com mulheres em tratamento de câncer.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 52 mil mulheres serão diagnosticadas com câncer de mama em 2012. E a Sociedade Brasileira de Mastologia estima que ao menos 20 mil delas precisarão fazer uma cirurgia de retirada das mamas, sendo que apenas cerca de 10% delas sairão do centro cirúrgico com a mama já reconstruída.

Para Luciana Holtz, psico-oncologista e presidente do Oncoguia, o governo precisa deixar claro como vai organizar as filas das mulheres que precisam fazer mastectomia, das mulheres que precisam fazer a reconstrução e das que possuem próteses da PIP ou Rofil com problemas.

“Nós entendemos que o centro cirúrgico é um só. E existem centenas de mulheres com câncer esperando de três a seis meses só para fazer a mastectomia. Para fazer a reconstrução, demora uns dois anos. Qual a urgência de trocar a prótese dessas outras mulheres? A fila será única ou separada?”, pergunta Luciana.

Para a mastologista Maira Caleffi, o governo está correto em garantir a assistência para as mulheres que tiverem problemas com as próteses PIP ou Rofil, mas ela também frisa que a fila de espera para uma mastectomia e para a reconstrução das mamas ainda é muito grande.

“O SUS poderia fazer as duas cirurgias ao mesmo tempo: a retirada e a reconstrução. Mas, em geral, os centros não fazem isso porque aumentaria o tempo de cirurgia. Nesse tempo, eles poderiam fazer outra cirurgia e tirar uma mulher da fila. E agora, como vai ficar?”, diz Maira.

Fila. O Ministério da Saúde diz que não tem como informar quantas mulheres estão na fila de espera nem quanto tempo está demorando a cirurgia porque o gerenciamento das filas é descentralizado e é feito por cada Estado e município.
A aposentada Loeny Menezes da Rosa, de 61 anos, no entanto, esperou cinco anos na fila para conseguir fazer a cirurgia de reconstrução da mama pelo SUS. Ela descobriu o câncer em 2001 e só conseguiu reconstruir a mama em 2006.

“O médico disse que se eu quisesse colocar silicone na hora eu teria de pagar à parte. Naquela época eu não tinha como pagar, por isso decidi esperar. Entrei na fila de novo e só fui chamada em 2006”, contou Loeny, que só implantou o silicone em uma das mamas - a outra foi reduzida. “Ficou horroroso”, diz.

O mastologista José Luiz Pedrini, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, entende que a reconstrução deveria ser feita ao mesmo tempo em que as mamas são retiradas, com exceção dos casos em que há contraindicação - como em mulheres fumantes, com diabete ou doenças cardíacas graves.

“Na maioria dos centros, isso não acontece. A sociedade de mastologia preconiza que a reconstrução seja feita imediatamente e nas duas mamas, mesmo que apenas uma tenha sido retirada. Isso garantiria a simetria das mamas e aumentaria a autoestima dessas mulheres.”



Reconstrução das mamas é prevista desde 1999

A reconstrução das mamas após a cirurgia de mastectomia (retirada das mamas em decorrência do tratamento de um câncer) é um direito das mulheres garantido pelo Ministério da Saúde desde 1999.

A portaria prevê a realização de uma plástica reconstrutiva com implante de uma ou duas próteses de silicone pós-mastectomia. O documento, no entanto, não deixa claro se a mulher teria direito de fazer a reconstrução imediatamente no ato cirúrgico da mastectomia ou não, mas frisa que esse procedimento proporciona um melhor efeito psicológico para a estética da mulher.

A portaria também não estipula prazos para que a reconstrução das mamas seja realizada. Estima-se que as mulheres demorem pelo menos dois anos para conseguir reconstruir as mamas na rede pública.

A Sociedade Brasileira de Mastologia entende que os dois procedimentos deveriam acontecer em um único ato cirúrgico. / F.B.


Matéria publicada em O Estadão em 13 de janeiro de 2012



domingo, 15 de janeiro de 2012

SUS e os planos de saúde vão cobrir troca de silicone rompido

Após reunião com entidades médicas e os ministérios da Saúde e Justiça, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou ontem que o governo vai permitir a troca de próteses mamárias rompidas da marca PIP e Rofil usando planos de saúde particulares ou o SUS (Sistema Único de Saúde). 


 
 

A medida vale também para as pacientes que colocaram o implante para fins estritamente estéticos. Antes da decisão, o Ministério da Saúde informava que o SUS cobriria a troca dos silicones apenas das pacientes que originalmente colocaram os implantes após mastectomia.
"No caso da mulher que tem um implante colocado na rede privada por uma questão estética, na medida que esse implante se rompeu, há o entendimento do governo de que esse procedimento agora é reparador, o que significa retirar a prótese que tenha rompido e implantar uma nova", disse o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano. 

 
"Esse procedimento poderá ser feito pelo SUS e será garantido pelos planos de saúde, porque eles também garantem as cirurgias reparadoras", acrescentou.
Segundo Barbano, as entidades médicas vão fechar com o Ministério da Saúde um protocolo de atendimento. O documento fornecerá orientações sobre os exames que deverão ser feitos para detectar eventuais problemas e os casos em que a troca será necessária.
Também serão definidos os serviços médicos que poderão ser utilizados pela paciente. Esse documento deve ficar pronto até o início da próxima semana.
A ideia, continua ele, é realizar uma convocação pública para que as mulheres com implantes PIP ou Rofil - ou que não saibam a marca de seus implantes - busquem os serviços de saúde para realizar os exames. 

 
O governo estima um universo de 20 mil mulheres que devem ser atendidas. Até o momento, a Anvisa tem informação de rompimento de 39 próteses da PIP (a maior parte já substituída) e algumas da Rofil (número ainda não definido).


domingo, 8 de janeiro de 2012

Pacientes com câncer devem ter acompanhamento nutricional


Doença afeta o metabolismo e pode causar perda de peso, desânimo, cansaço, mal-estar, unhas quebradiças, entre outros sintomas:




Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 66,3% dos pacientes com câncer no Brasil estão com o peso abaixo do ideal devido ao tratamento quimioterápico. Pessoas diagnosticadas com câncer apresentam quase três vezes mais quadro de desnutrição do que aquelas que sofrem de doenças como a tuberculose e o HIV.

Segundo o nutrólogo Celso Cukier, além do comprometimento do estado nutricional causado pelo tumor, o tipo de tratamento também influenciará no estado de saúde do paciente.

— Qualquer paciente tende a ficar fraco durante o tratamento oncológico, por isso um especialista precisa formular uma alimentação balanceada e que seja aliada a este tratamento — enfatiza Culkier.

No momento do diagnóstico, aproximadamente 80% dos pacientes perdem peso substancialmente. A ocorrência e a severidade da desnutrição são maiores em portadores de tumores gastrointestinais e pulmonares. Isso acontece porque as doenças ligadas à respiração e à digestão os deixam mais sensíveis aos alimentos que ingerem e causam alteração do paladar e dificuldade em sentir sabores, além de sensibilidade ou de insensibilidade ao doce e de intolerância ao amargo.

Quimioterapia leva à perda de apetite


É comum que, com o tratamento quimioterápico, o paciente tenha uma diminuição no apetite. Por outro lado, ele apresenta um aumento de suas necessidades de energia e de ingestão proteínas em virtude da doença. A somatória desses fatores pode contribuir para a desnutrição.

— Com a dificuldade na alimentação e a falta de alguns nutrientes, ele começa a perder peso, por isso o tratamento nutricional deve ser simultâneo ao do câncer — afirma o nutrólogo.

Quando existe um desequilíbrio entre as necessidades do organismo e a ingestão de nutrientes, o indivíduo pode entrar em estado de desnutrição. Um de seus sinais mais simples é a perda de peso. Outros que podem ser citados são desânimo, cansaço, mal-estar, unhas quebradiças e pele ressecada. De acordo com o especialista, se não houver o acompanhamento nutricional, o tratamento de câncer, apesar de combater o tumor, pode ter um impacto negativo sobre o organismo.

Dicas de alimentação no tratamento do paciente com câncer


:: Faça uma dieta fracionada, comendo pequenas quantidades e frequentemente;

:: Evite a ingestão de líquidos durante as refeições, pois pode causar refluxo;

:: Evite comer em locais abafados, quentes ou que tenham cheiros vindos da cozinha que podem causar náuseas; 

:: Não tente ingerir seus alimentos preferidos quando sentir náuseas. Isso pode criar repugnância permanente por esses alimentos;

:: Descanse após as refeições, pois a atividade pode retardar a digestão. É melhor descansar sentado durante cerca de uma hora; 

:: Se a náusea costuma aparecer durante o tratamento, evite comer uma ou duas horas antes da quimioterapia ou da radioterapia;

:: Tente descobrir quando a náusea ocorre e qual sua causa (determinados alimentos, situações, ambientes);

:: Introduza mudanças no seu plano alimentar. Fale com seu médico ou nutricionista.


Matéria publicada no Jornal Zero Hora em 08/01/2012

 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Próteses francesas devem ser retiradas, diz Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética

Próteses francesas devem ser retiradas, diz Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética

Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) discorda da decisão


A Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps, na sigla em inglês) recomendou nesta quarta-feira, em nota oficial, que todos os implantes mamários de silicone PIP sejam trocados imediatamente para evitar riscos futuros à saúde, mesmo que não haja nenhum sinal clínico de ruptura.


No mês passado, o governo francês afirmou que pagaria os custos da remoção dos implantes feitos pela Poly Implant Prothèse (PIP) em todas as mulheres do país que os utilizam. A decisão se baseou em dados que apontam um risco maior de rompimento do produto e o uso de silicone não homologado (mais informações nesta página).


O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), José Horácio Aboudib, discorda da decisão da sociedade internacional.


— Não é sensato. Todas as mulheres devem procurar seus médicos para saber se há ruptura e, nesse caso, efetuar a remoção e a troca. Caso a prótese esteja em bom estado, basta realizar exames periódicos para garantir que ela não se rompeu — afirma.


Aboudib aponta que o gel da prótese pode ser de um tipo não homologado — ou seja, não aprovado para uso médico —, contudo o revestimento é constituído por uma substância segura, similar à de outros implantes, o que diminui o risco de problemas.


Planejamento
O presidente eleito da Isaps, Carlos Uebel, diz que não é preciso que haja uma "correria" para a retirada.



— De qualquer forma, as mulheres devem trocar a prótese no prazo mais breve possível. Não há motivo para pânico, mas convém programar a substituição — reforça Uebel, cirurgião em Porto Alegre.


Ele sublinha que os dados obtidos até agora não confirmam a relação com o câncer.


— Mesmo assim, o porcentual de rupturas das próteses PIP é muito alto — pondera Uebel.


Segundo a nota da Isaps, "a taxa de ruptura desses implantes parece ser cinco vezes mais alta quando comparados com outros implantes".


O mastologista José Luiz Pedrini, vice-presidente nacional da Sociedade Brasileira de Mastologia, diz que a entidade ainda não chegou a um consenso sobre o assunto — que será discutido em reunião com o governo brasileiro na próxima semana. Entretanto, ele diz que indicaria pessoalmente a retirada dessas próteses para evitar riscos futuros à saúde.


— É muito mais barato o custo de trocar essa prótese agora que o de um tratamento para câncer ou outra infecção que esse silicone industrial pode causar — diz.


Anvisa mantém orientação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que mantém a mesma orientação: mulheres com essas próteses devem procurar seus médicos para uma avaliação.



O Ministério da Saúde também mantém essa orientação e diz que avaliará caso a caso. E informou que a posição sobre o assunto será discutida na próxima semana, quando representantes das sociedades médicas de mastologia e de cirurgia plástica se reunirão com o ministério e com a Anvisa para debater um protocolo que definirá a maneira de agir em caso de rompimento dessas próteses.


Procurado , John Arnstein, da EMI Importação e Representação, empresa responsável pela distribuição do produto no Brasil, disse que preferia não comentar a declaração da Isaps, pois não tinha tomado conhecimento oficial da nota. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Matéria publicada no Jornal Zero Hora em 04/01/2012