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domingo, 12 de maio de 2013

Operar rápido cura até 85% dos cânceres



A porcentagem de cura das pacientes com câncer de mama atendidas pelo Hospital da Mulher Maria José dos Santos Stein, em Santo André, fica entre 80% e 85%, conforme levantamento feito pela unidade. O número é superior à média nacional e mundial. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o índice de cura entre a população de todo o mundo é de 61%. Já no Brasil, cerca de 70% dos casos são curados, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia.

"A paciente é considerada curada após cinco anos de tratamento. Neste caso, a pesquisa envolveu mulheres atendidas entre 2007 e 2008. O período é necessário porque até uma lesão pequena pode desenvolver metástase. Porém, conforme o tempo passa, a chance é menor", explica o médico responsável pelo serviço de Mastologia do hospital, Guerino Barbalaco Neto.

A especialidade funciona há cinco anos e atende, em média, 20 mulheres por mês com câncer de mama e outras doenças que exigem cirurgia. Anteriormente, o serviço era oferecido no CHM (Centro Hospitalar Municipal).

Segundo Neto, o que justifica o alto índice de cura é o modo como o ambulatório prioriza as pacientes. Após passar por consulta em UBS (Unidade Básica de Saúde), a mulher é encaminhada até um centro de triagem para detectar se existe a suspeita do tumor. Se houver, de lá mesmo é marcada consulta no Hospital da Mulher.

"Só atendemos pacientes com lesão suspeita de câncer. Dessa forma, eliminamos aquelas que não têm a doença e, com isso, o tempo de espera das que realmente necessitam é reduzido em até seis meses", afirma o especialista.

Outra forma de detectar pacientes com possíveis tumores é por meio da busca ativa. Isso significa que quando mamografias são realizadas por encaminhamento de médico no Hospital da Mulher, e são percebidas alterações no resultado, a equipe entra em contato com a paciente e pede o seu comparecimento.

"Se houver a presença de um nódulo suspeito, já na primeira consulta é feita a biópsia, cujo resultado sai em sete dias. Os exames pré-operatórios também são solicitados na mesma ocasião. Por conta disso, o tempo médio de espera entre o primeiro contato da paciente com o médico e a cirurgia é de no máximo 30 dias", afirma Neto.

A preocupação quanto à agilidade é estendida à operação. Durante o procedimento, um médico patologista fica à disposição para analisar prontamente o material que será retirado. É o resultado da análise feito na hora que irá dizer se o cirurgião deverá remover mais tecido ou finalizar o trabalho. Dessa maneira, dificilmente a mulher se submeterá novamente à cirurgia.

Realizada a operação, o médico dirá se é necessária a continuidade do tratamento com radio ou quimioterapia. "Aqui só fazemos o procedimento cirúrgico. Quando a paciente precisa continuar o processo, ela é encaminhada para outras unidades, como o Hospital de Ensino Anchieta e o Cacon (Centro de Atendimento Oncológico), ambos em São Bernardo."

MEDOS

Para auxiliar a mulher e seus familiares a receber o diagnóstico, aceitar a doença e encará-la com mais segurança e tranquilidade, o serviço de Mastologista conta com equipe multidisciplinar composta por psicólogas, assistente social, fisioterapeuta, nutricionista, cardiologista e grupo de voluntárias da Associação Viva Melhor.
"Os maiores medos das pacientes são em relação à doença, à morte e à cirurgia", revela a psicóloga Patrícia Chicareli Costa, que trabalha no ambulatório há 2 anos e meio. "Embora haja o acompanhamento, algumas pacientes não aceitam a ajuda por pensarem que basta ter fé ou por associarem a psicologia à loucura."

Especialista defende busca ativa de pacientes

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, José Luiz Pedrini, elogia a busca ativa feita pelo Hospital da Mulher, em Santo André. "Concordo com esse modo de gestão e acho que o governo deveria investir nele. Essa iniciativa ajuda a reduzir o avanço da doença e diminui as taxas de mortalidade". A busca ativa consiste em levar atendimento à população sem esperar que as pessoas procurem pelos serviços.

"O governo faz campanhas contra o câncer de mama, mas em muitos locais as mulheres não sabem onde procurar ajudar. No SUS (Sistema Único de Saúde), a espera por consulta pode demorar de seis meses a um ano."

Segundo Pedrini, é impossível prevenir o câncer de mama, mas existem comportamentos que podem estimular o aparecimento da doença, como a ingestão de bebida alcoólica e a obesidade. Não ter filhos também aumenta em duas vezes a chance de desenvolver um tumor.

"As mulheres que possuem mais condições sociais e econômicas têm mais chances de apresentar a doença, pois sofrem mais com o estresse, fumam mais, bebem mais e optam por ter filhos tardiamente. Enquanto em Porto Alegre aparecem 112 novos casos para cada 100/mil habitantes por ano, no Norte do País esse número cai para 18. Já em todo o Brasil são 47 casos a mais", relaciona.

Atendimento é elogiado por mulheres

Conversar com a diarista Vera Lúcia Seixas Carvalho, 44 anos, é ouvir alguém alegre, cheia de disposição e com muita fé em Deus e na vida. São características comuns a muitas pessoas, não fosse o fato de que Vera passou por uma cirurgia no dia 23 para a retirada do seio esquerdo.

Essa não é a primeira vez que ela enfrenta o diagnóstico de câncer de mama. Em 2009, passou pelo mesmo procedimento e teve o seio direito removido.
Em ambas as situações, Vera Lúcia foi atendida no Hospital da Mulher. "Quando tive o primeiro câncer, o tempo de espera que me deram no Mário Covas foi de três meses a um ano. Não poderia aguardar tudo isso porque a situação era grave. Já nas duas primeiras consultas no ambulatório de Mastologia do Hospital da Mulher, o exame foi feito no mesmo dia", elogia.

A dona de casa Rita de Cássia de Marque Belchior, 59, que já é considerada curada por estar no seu quarto ano de tratamento, também diz ter sido atendida com rapidez. "Eles me deram toda a atenção e senti que fui tratada como prioridade", recorda.

RECONSTRUÇÃO

A partir de julho, o Hospital da Mulher realizará a reconstrução da mama em mulheres que foram submetidas a mastectomia.

O procedimento irá valer tanto para as pacientes que farão a cirurgia quanto para as já operadas. "Um cirurgião plástico trabalhará em parceria conosco. Antigamente os cirurgiões tinham um ponto de vista oncológico, mas hoje a preocupação é também com a estética", destaca o mastologista Guerino Barbalaco Neto.


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